domingo, 20 de janeiro de 2008

Tuas mãos


Tuas mãos

Quando tuas mãos saem,
amada, para as minhas,
o que me trazem voando?
Por que se detiveram
em minha boca, súbitas,
e por que as reconheço
como se outrora então
as tivesse tocado,
como se antes de ser
houvessem percorrido
minha fronte e a cintura?

Sua maciez chegava
voando por sobre o tempo,
sobre o mar, sobre o fumo,
e sobre a primavera,
e quando colocaste
tuas mãos em meu peito,
reconheci essas asas
de paloma dourada,
reconheci essa argila
e a cor suave do trigo.

A minha vida toda
eu andei procurando-as.
Subi muitas escadas,
cruzei os recifes,
os trens me transportaram,
as águas me trouxeram,
e na pele das uvas
achei que te tocava.
De repente a madeira
me trouxe o teu contacto,
a amêndoa me anunciava
suavidades secretas,
até que as tuas mãos
envolveram meu peito
e ali como duas asas
repousaram da viagem.

Pablo Neruda



2 comentários:

Anônimo disse...

Bombom,
Saudade imensa ainda mais fria, com essa chuva então... só me faz lembrar você...

Mesmo sem tua voz, teus olhos, ou tua respiração pertinho... nada mudou em mim, meu coração e alma te querem, bem, muuuito bem.

<< Lancy>>

Anônimo disse...

Amore,

Saudadesssssssssssssss demaissssssssssssssss...

Cadê vc???????????